tentativa de organização I

segunda-feira, 25 de maio de 2009

tirar tudo pra pôr de novo

A mãe dela fazia igual.
Quando soube disso, ficou imaginando as duas novinhas (mãe e tia), na casa da avó que não conheceu, imaginava ser uma casa ensolarada, com aquele silêncio de vizinhança do interior.
A tia, um pouco mais velha, era eficientíssima! Rapidamente limpava, organizava, fazia todo o dever de forma prática e inteligente, afinal, assim sobrava mais tempo para as outras coisas, todas as outras que fazia tão bem (tinha inveja da tia).
Já a mãe (impressionante como pode ser tão parecida com a mãe, mesmo que tão diferente), ficava uma hora só limpando o fogão. Para a limpeza da cozinha, passava um dia inteiro. Cada ranhura entre os azulejos tinha que ficar branca, impecável.
Tipo de coisa que nunca precisou fazer na casa da mãe, já que nestes tempos quem limpava a cozinha era a empregada.
Mas lembrou, claramente, de quando limpava as gavetas do armário do próprio quarto. Para isso, começava pondo tudo pra fora. Na maioria das vezes, re-experimentava todas as roupas, vestia uma por uma, via o quê combinava com o quê, desfilava para si própria e, quando percebia que algo realmente não combinava mais com ela, tinha passado da fase, ficado pequeno, etc, resolvia passar pra frente, dar para alguém. Raramente jogava fora. Sempre achava que iria servir para outra pessoa, ou que ainda não estava velho demais. Reciclava (de novo, igualzinha à mãe).
Pra ela arrumação é isso, não tem jeito de ser diferente.
Com o tempo, a gaveta que estava arrumadíssima começa a sofrer os efeitos danosos da pressa: uma camiseta volta amarrotada, porque não combinou com a calça; as calcinhas vão saindo do varal e sendo jogadas para o gavetão (pra quê dobrar?); não se sabe mais o que é calcinha e o que é meia.
Até que a situação vira insustentável e, ao invés de comprar calcinhas novas, porque todas sumiram, resolve-se arrumar por inteiro. E pra isso tem que tirar tudo, a fim de ver o que de fato existe.