tentativa de organização I

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

se fué

Por que tudo o que é bom acaba logo? Talvez a resposta seja: pra deixar o gostinho na boca, provocar boas lembranças, suscitar outras coisas boas...
Ou porque simplesmente... é assim.


É preciso começar a perder a memória, mesmo que das pequenas coisas, para percebermos que é a memória que faz nossa vida [...] Nossa memória é nossa coerência, nossa razão, nosso sentimento, até mesmo nossa ação. Sem ela, somos nada [...] (Só posso esperar pela amnésia final, a que pode apagar toda uma vida, como fez com a de minha mãe [...]

Luis Buñuel



Em resposta a "o que era doce" (do sapato ao elefante), de uma grande amiga inspiradora e à memória da sua pequena Margot.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

"Tardio pero no mucho"

No ápice das férias, em momento de profunda reflexão e revisão das coisas e sentimentos, me inspirei e escrevi, em 5 minutos (o que para uma mão direita recém-habilitada trata-se de uma grande vitória!), meus votos de feliz ano novo que tanto quis mandar aos amigos no final de 2007 e a correria e falta de espaço interno para tanto me impediram de fazê-lo.
Ao retornar, abri minha entupida caixa de e-mails e todas as mensagens de "feliz 2008" ou coisas semelhantes, pareciam antigas e exigiam um esforço tremendo para entrar no clima... então cheguei à conclusão de que havia passado a hora de enviar a minha.
Decidi, então, publicá-la no blog, mais como uma forma de registro, sem ter que obrigar ninguém a passar por esse tipo de reflexão tardia (ou não...)
Aos interessados:

1 2008
em que estejamos cada vez mais próximos do sensível e que isto e a sinceridade não fiquem superficiais como às vezes acontece em círculos sociais... onde nós, cerne das classes bem-afortunadas financeira ou culturalmente (ou ambos), nos damos ao luxo de nos vangloriar de alguma sensibilidade sem sentí-la, ou de sinceridade sem de fato estarmos sendo... com nós mesmos.

Que sejamos sinceros com ninguém mais que nossas próprias almas e sensíveis com quem e o que amamos e para identificar quem está por perto e nos ama. Pois um dia me disseram: "Deus está em quem ama e não no ser amado".

Deixe de lado o cristianismo* e toda a religião que o privar de suas necessidades mais genuínas, reais e sinceras. Deixe a raiva vir quando é chamada; a inveja quando lhe causar faíscas criativas; a preguiça, tão necessária ao movimento de acordar; a gula, que te fará gozar os prazeres irresistíveis, e outros que um dia lhe disseram serem pecados e, como se não bastasse tal fardo, imediatamente são relacionados à culpa - esta sim serve para destruir o homem.
No lugar dela, cultive a reflexão (mesmo que tardia...), o aprendizado (muitas vezes tardio...) e o amor (não deixe para mais tarde o coitado - tão citado que perde seu às vezes tão óbvio significado).
Obrigada por estarem comigo no ano que passou, compartilharem minhas alegrias e frustrações (e quantas!), uns mais próximos, outros mais distantes, mas que estiveram presentes de alguma forma ou porque gostaria que estivessem e que continuem nesse ano novo, e consequentemente nos que vêm adiante.
Como a vida é feita de ciclos e precisamos deles para nos rever e planejar o que está por vir, desejo um 2008 do caralho pra vocês! Quebrem tudo! Vamos dar ao mundo o que ele merece por estarmos aqui, sem micharia! Vamos ao que viemos!


*com respeito a toda e qualquer religião, mas, mais ainda, ao corpo.