tentativa de organização I

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

elite operária

Não sei se estou ficando velha (sempre achei que deveria ser proibido dizer isso antes dos 50) ou se o gesso endureceu minha alma. Passados dois meses que troquei o carro pelo transporte público - a troca não foi voluntária, devo dizer - sinto agora que a pueridade juvenil, ou o sonho de estar mudando o mundo, encontrou o inevitável monstro da realidade.
"professora, você ficou mais brava depois de ter quebrado a mão"
Ah, o corredor de ônibus da rebouças... antes a maravilha das reformas urbanas, até usufruir deste serviço algumas vezes às 19h*, cansada do dia, e olhando feio pro moço que come açaí sentado no banco reservado para deficientes, grávidas, pessoas com criança de colo e idosos. Até agora não entendi se posso me considerar uma deficiente física ou não. No desenho tem um hominho de pé quebrado, será que deveria ter uma mulherzinha de braço quebrado para eu ter esse privilégio?
Soube de uma mulher que não conseguia andar e não pôde usar o elevador do metrô, pois não se enquadrava em nenhuma categoria de deficiência física. O pior é número de obesidade no aviso dos bancos reservados: só pode usar o banco a partir de um número x de obesidade, alguém que tiver x -1 não pode. E quem é que vai ficar medindo isso em plena hora do rush?
(Devo um pequeno merchandising de algo que vi e mudou minha vida. Só não sei se só mudou porque estou num momento deficiente, pode ser que só quem vive ou viveu algo próximo pode realmente se interessar pelo assunto: http://br.youtube.com/watch?v=M5xh40fHsGw)
Só para a coisa não desandar (*): o corredor de ônibus da rebouças no horário em questão vira corredor de táxi, e não sei mais que acontece, mas o corredor pára, é impressionante!

Não vejo mais graça em ir de trem a Itapevi e começo a achar plausíveis comentários terroristas que ouço na plataforma de Carapicuíba, quando somos desaguados lá com o aviso no rádio: "esse trem não prestará mais serviço, favor desembarcar". Da primeira vez que isso aconteceu comigo, demorei alguns minutos e muitas repetições do aviso para entender. Não sei como eles enxergam que tem gente ainda no trem, mas só faltava dizer: dá pra sair dessa porra, mina? Ainda não entendeu? Saí e o trem partiu não sei pra onde. Porque eles não avisam antes que o destino do trem não é o que está escrito na placa?
Mais 15 minutos de espera na plataforma e sorri complacente para o homem que expressava seu inconformismo e prometia um dia pôr fogo em todos esses trens, que só assim alguém iria parar pra enxergar essa situação!

musa inspiradora

http://www.surlereste.blogspot.com/

devo essa indecência à Mariá Noronha Portugal. Ler as besteiras dela me fez querer publicar as minhas próprias. A diferença é que ela sabe escrever e eu não. Tudo bem, vou ensiná-la a ser iniciante e ela me ensina a contar piada!
Já me disseram que é mais fácil eu perder a piada que perder o amigo.
Por isso essa idéia pode ser bem entediante... (se você chegou até aqui, já é uma vitória!)

mas se de repente eu conseguir eliminar essa obsessão pela auto-crítica antes da crítica, um dia eu chego lá!

umbigada

às vezes o mundo conspira contra o nosso umbigo, a gente sente que não tem nada pra fazer pra melhorar. Aí escreve um blog, achando que as coisas compartilhadas, ou exteriorizadas, vão achar sua conexão com o mundo. Ou seja, umbigo com umbigo com umbigo... vários umbigos juntos podem fazer o dia nascer mais feliz!
ou é simplesmente falta do que fazer.